A vereadora evangélica Mirian Reis (PHS), de Boa Vista (Roraima), disse que não apoia o projeto de lei da inclusão da Parada do Orgulho Gay no calendário oficial da cidade para evitar que o evento prolifere doenças e o homossexualismo na cidade.
"Eu acredito que o projeto vai ser arquivado porque o nosso Deus vai nos dar autonomia, vai nos dar autoridade, capacidade e sabedoria para mostrar a eles que esse dia só vai fazer proliferar o homossexualismo na face da terra e em Boa Vista”, disse.
“Não é isso que nós queremos, porque o homossexualismo vai trazer doenças, infelicidade para as famílias, dores, tristeza, angústia."
Em primeira discussão, o projeto de lei foi aprovado por dez votos contra dois. Não houve quorum para a segunda discussão que estava prevista para o dia 27 de maio. Dos 21 vereadores, apenas dez compareceram.
O vereador Júlio César de Medeiros (PMDB), autor do projeto, disse que a Parada Gay existe na cidade desde 2003 e, por isso, é natural que faça parte do calendário oficial de Boa Vista.
“Já me perguntaram se vai ter dinheiro público para o evento, mas isso não existe”, disse. “É só questão de reconhecimento de que existe uma classe de pessoas que faz brilhar essa sociedade."
Os votos contra o projeto de lei foram dado por Mirian e por Manoel Neves, que é pastor. Outros vereadores evangélicos, como Mário César Balduíno, deixaram o plenário para não votar.
Mirian argumentou que os homossexuais “precisam retornar à ordem natural da família”. "Nós jamais poderemos aceitar filhos sendo criados por dois homens ou por duas mulheres”, disse. “Isso é contra a palavra de Deus."
Sebastião Diniz, presidente da Associação Roraimense pela Diversidade Sexual, Sebastião Diniz, disse que as afirmações da vereadora são ofensivas e incitam a violência contra os homossexuais. "Registrei um Boletim de Ocorrência contra Mirian Reis e mais dois vereadores que nos ofenderam”, disse.
Ele afirmou que esses políticos não estão defendendo os interesses da população, “mas apenas os ideais dos evangélicos”.
Mas, diante da repercussão negativa, a vereadora voltou atrás.
Ela negou a acusação de que seja homofóbica porque, para ela, “eles [gays] são seres humanos” e precisam ser tratados como os cristãos, com “atenção e carinho”. As afirmações preconceituosas da evangélica são tão surpreendentes quanto o novo projeto de lei de combate à homofobia que ela apresentou, na maior cara de pau, na quinta-feira, 28 de maio.
Sem retirar uma única palavra do que dissera sobre o suposto poder de propagação de doenças e de homossexualismo pela Parada Gay, Reis defendeu seu novo projeto tentado mostrar indignação em relação à "falta de respeito aos homossexuais".
Ela afirmou que tomou a iniciativa de elaborar o novo projeto ao constatar a discriminação que há contra os homossexuais por ocasião da realização da Parada Gay e outros eventos transmitidos pela TV, como o Carnaval.
Reis argumentou que esse novo projeto prova que ela não é homofóbica. “Não posso aceitar que uma pessoa que nasceu como eu, que foi amada como eu por Deus, seja violentada, porque ela optou por viver dessa forma”, disse. “Eu não sou contra eles [gays], e eu quero que sejam amados e respeitados como eu”.
Não é exatamente isso que transparece nos comentários que ela fez sobre a oficialização em Boa Vista da Parada Gay.